Juros e Câmbio: já temos problemas suficientes - Julia Braga e Franklin Serrano

O cenário de deflação e queda brutal do PIB é motivo para intensificar a queda da SELIC (como fez o Federal Reserve com a FFR) ?

Resumo da nota de Julia Braga e Franklin Serrano : 


À taxa de juros externa (FFR), é preciso adicionar dois outros elementos: 1° o risco de default precificado nas medidas de risco país (como o EMBI ou CDS). Observamos a importância dessa variável no artigo com o @cieplinski e o Ricardo Summa. https://revistas.face.ufmg.br/index.php/novaeconomia/article/view/3274


Nos últimos meses a taxa SELIC encostou na taxa do Federal Reserve acrescentada do prêmio de risco:


Em segundo lugar é preciso considerar um “risco cambial” captado nas expectativas de desvalorização cambial. Nos últimos meses essas expectativas subiram devido à grande fuga de capitais dos países emergentes para a “segurança” das treasures americanas.
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Um processo de fuga de capitais provoca uma desvalorização cambial que tende a contaminar as expectativas (e assim realimentar o processo). O real brasileiro foi o que mais perdeu frente ao dólar nessa crise: (da apresentação do Bacen).


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Essa figura ilustra esse movimento de contaminação das expectativas (do artigo do Serrano e Summa na Review of Keynesian Economics, Vol. 3 No. 2, Summer 2015, pp. 248–268):
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Em períodos de grande incerteza, mesmo uma postura conservadora do Banco Central não foi capaz de conter súbitas e intensas desvalorizações cambiais, como constatado nesse artigo meu com o @cieplinski e o Ricardo Summa. eco.unicamp.br/images/arquivo

+ O saldo da Conta Corrente brasileiro voltou a ficar negativo desde a crise do subprime. Intervenções no mercado cambial (seja com leilões de linha, venda definitiva ou por meio de swaps) podem amortizar o impacto no câmbio, porém ...

Caso a taxa interna diminua abaixo da externa (somada a esses riscos) haverá pressão por novas desvalorizações e o processo de saída de capitais continua.

Dessa forma, é correto que o BC seja cauteloso buscando um ajuste fino ao sentimento de aversão ao risco nos mercados internacionais e à política monetária americana, diminuindo a taxa SELIC apenas na medida do possível.

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